terça-feira, 21 de outubro de 2014

OFUSCAÇÃO

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No 'politicamente correcto',  as  "posições que defendemos não têm custos e aquelas a que nos opomos não têm benefícios."

(Daniel Kahnman)

Não chegamos a esta situação por perda de vitalidade. Este fenómeno (sou tentado a chamar-lhe linguístico, de uma crise linguística) não pode ser associado à decadência civilizacional. Tampouco os bárbaros estão à porta do império. Os bárbaros somos nós, não é o radicalismo islâmico ou o califado levantado do pó.

Tornamo-nos no que somos pelos nossos próprios meios e desenvolvendo as nossas próprias tendências. A dissolução dos costumes ou o equivalente à adopção dos deuses asiáticos, causas tradicionalmente apontadas para o afundamento romano não são, para nós, reais ameaças - O'Neill dizia que o Ocidente "dá por de mais ao dente" - , visto que a 'moda' é tão credenciada quanto os costumes e os nossos deuses são apenas deuses do momento. É como se os Gregos não acreditassem para além das suas estátuas...

O indivíduo é a 'mónada' do sistema. Ao mesmo tempo que se aprofundaram as diferenças individuais, cresceu em eficácia um aparelho de controlo que se parece cada vez menos com um Estado com as funções que lhe conhecemos.

Compreende-se que o tribalismo seja o nosso inimigo mortal, inimigo que, no entanto, já se rendeu aos cavalinhos de Tróia da nossa tecnologia, numa relação culturalmente suicida.

O 'politicamente correcto', pelo seu lado, parece anunciar o fim da política, que para nós foi sempre acção associada à palavra. Ora esta entrou em 'ofuscação' mediática e não é novidade nenhuma a sua transformação em espectáculo.




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