terça-feira, 28 de outubro de 2014

A COR NEUTRA DA IGUALDADE

"Branco" (1992-Krzysztof Kieslowski)

"Branco" é a cor da Igualdade, na trilogia de K. Kieslowski.

A não-existência política e linguística do imigrante polaco Karol, (Zbigniew Zamachowski), um cabeleireiro com várias distinções internacionais, está na origem da sua impotência sexual, invocada pela sua jovem esposa francesa (Julie Delpy) para reclamar o divórcio.

Toda a cidade se une para tratar o imigrante como um pária, até o pombo que o "brinda" à entrada do Tribunal.

É interessante ver como a transformação a que se obriga o nosso herói, para reconquistar a mulher amada, a sua nova visibilidade política e sexual passam pela aquisição de poder, por todos os meios ao seu alcance.

Conclusão pessimista a que nem a prova de que o dinheiro nada representa para Karol, nem a surpreendente venalidade do romantismo de Dominique chegam para dar um sinal de esperança.

O filme termina numa cena muda, em que por sinais parece desenhar-se um futuro feliz. Mas de tal modo que, ao mesmo tempo, sabemos que aquele homem e aquela mulher nunca poderão encontrar-se na realidade.

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