"O rapto de Proserpina" (Padovanino) |
"(...) só quando a ciência, a moral e a arte forem em cada momento especializadas 'numa' exigência de validade, seguirem a sua lógica 'própria' a cada momento e forem purificadas de toda a escória cosmológica, teológica e cultural só então pode instalar-se a suspeita de que a autonomia da validade, reivindicada por uma teoria, seja ela empírica ou normativa, é aparência, porque se introduziram furtivamente nos seus poros interesses e exigências de poder dissimulados."
"La Technique et la Science comme Idéologie" (Jürgen Habermas)
Isto quer dizer que nos 'convém', enquanto sociedade humana e poder que a autonomia da validade de uma teoria não esteja sujeita à discussão, pelo menos enquanto não houver 'provas' em contrário, mas provas, tacitamente, concordes com o 'epistema', diria Foucault.
Um dito célebre lembra-nos que só nos podemos colocar os problemas que estamos em condições de resolver. O não problemático está sempre abaixo ou acima do nosso entendimento. A espécie desenvolveu a ferramenta da razão para se poder adaptar a um mundo em constante transformação ("tudo se transforma"). Deve ser uma necessidade do 'homo sapiens sapiens', afim da própria linguagem, postular uma origem e uma criação.
Dum ponto de vista 'objectivo', parece que a 'problemática' científica dispensou a 'hipótese de Deus' para sair das suas contradições. Mas a questão levantada por Habermas diz-nos que isso foi feito à custa de um ocultamento que tem tudo a ver com a verdade filosófica.
De que precisamos para não sofrermos o choque da falta de validade geral das nossas provas? De especialização e mais especialização. A ciência, filha da religião e da filosofia, tem de chegar para tudo, enquanto a filosofia estiver debaixo de terra, como Proserpina.
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