"Uma pessoa sentir-se-ia inclinada a invocar a antiga sabedoria Taoista: 'Os que sabem não falam; os que falam não sabem.' E o facto é que a maior parte dos marinheiros não tem muito a dizer sobre o mar. É simplesmente o seu meio natural;"
"The Hall of Uselessness" (Simon Leys)
O que percebemos aqui é que o verdadeiro saber não é simplesmente intelectual. Não é por isso que a escola apetrecha para a 'entrada' nesse saber, mas não o proporciona ainda? Não é por isso que os mais doutos podem falar do que não sabem, mesmo quando é, alegadamente, a sua especialidade?
Tanto Allan Greenspan e tanto Lyssenko! Nem sequer erraram meritoriamente, como Descartes com a sua glândula pineal...Porque há uma boa maneira de errar que é aquela que nos instrui a todos.
Mas o preceito encerra um paradoxo. Como haveríamos de aprender com os sábios, senão vivendo como eles, imitando-os pelo exterior para nos corrigirmos? Na sabedoria Taoista, muitas vezes o mestre responde por enigmas, ou ao lado da questão. Parece que essa vida se tornou um mito e não só para os ocidentais. Corresponde a um estado do mundo que já não existe, como o fórum ateniense, o qual, no entanto, inspira toda a tradição democrática.
Mas, de facto, o homem sábio e que 'não fala' não é tão raro como isso. Está fora e gosta de se manter fora da grande cúpula da 'comunicação'. E o seu saber, a consciência de que não sabe, realmente não o pode transmitir a ninguém. E ainda bem que é assim, para o homem continuar igual a si próprio, um joguete nas mãos dos 'deuses'.
Também ninguém precisa de que o marinheiro fale do mar. O que ele pudesse dizer de mais autêntico não se aplicava a nós.
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