"O mundo faz muito menos sentido do que pensas. A coerência vem quase toda da forma como a tua mente funciona."
(Daniel Kahneman)
Alain repetia que o mundo não nos quer bem nem mal, o que nos deixa livres para manobrar o leme. Não apesar das ondas, mas por causa delas.
O mundo, não sendo espírito, não precisa de ter um sentido. Nós, pelo contrário - porque é assim que a nossa mente funciona -, não podemos viver sem um. O nosso mundo, que é uma apropriação do mundo real, tem necessidade, por exemplo, das coordenadas espácio-temporais desenvolvidas pelo nosso cérebro desde os primeiros anos de 'exploração' dos nossos sentidos.
Viver sem gravidade é possível, mas não sem uma 'leitura' do mundo pelo nosso cérebro, com princípio, meio e fim, como num conto tradicional. As teodiceias e as gigantomaquias falam-nos disso. Zeus, que saiu vitorioso dessas lutas, marca já o sentido do Estado.
Tal como na Bíblia, o desconcerto das línguas traz consigo a confusão dos sentidos. Uma nova Torre de Babel ameaça o sentido do mundo. Mas desta vez não há transcendência que a possa abater.
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