" Um cimo erguendo-se no céu (ver certas pinturas chinesas ou as de Leonardo da Vinci) não é somente um belo motivo pictórico; ele simboliza a residência das divindades solares, as qualidades superiores da alma, a força sobreconsciente das funções vitais, a oposição dos princípios em luta que constituem o mundo, a terra e a água, tal como o destino do homem (que vai debaixo para cima).
O ponto culminante numa região, o cimo de uma montanha - onde imaginamos poder banhar-nos no céu como os picos rochosos do famoso quadro do Louvre. ("Ana, Maria e a Criança" de Leonardo da Vinci) simbolizam o termo da revolução humana e a função psiquica do sobreconsciente que é a de conduzir o homem ao cimo do seu desenvolvimento. (Dies, 37).
"Dictionnaire des symboles" (Jean Chevalier et Alain Gheerbrant)
Hoje, o turismo de montanha é o oposto de certas superstições africanas de lugar proibido e passagem intransponível.
Conseguimos admirar o risco do alpinista sem sair do sofá nem ter de prescindir do ar condicionado. A 'montanha sagrada' foi profanizada pelas nossas câmaras e os nossos records desportivos.
Os oceanos, enquanto permaneceram incógnitos e, em vez de embaixadas, enviavam adamastores ao nosso assalto, podiam ser mais naturalmente símbolos da escalada humana. Desafios que o homem nunca deixa de tomar quando questionam a sua coragem.
A montanha, sobretudo quando vista através do cinema ou da televisão, é uma ficção tão pobre como o céu dos planetários.
É por isso que os antigos símbolos nos deixaram, porque já não há lugar para eles no no nosso mundo unidimensional.
Há ainda, claro, homens que não têm palavras para a realidade dessas coisas. Homens providenciais.
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