sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A MURALHA CHINESA

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"Os problemas da China não se ficam por aqui. Andy Serwer, no editorial da revista Fortune desta semana diz qualquer coisa como isto: “que interessam os comboios de alta velocidade, os projectos imobiliários gigantescos, .... se o governo chinês não consegue assegurar o mais básico elemento para a vida humana, que é o ar puro?” Reparem bem, não estamos a falar do discurso de algum ambientalista sobre o aquecimento global, que enquanto o pau vai e vem, nos permite uns melhores dias de praia. Estamos a falar de um problema de toxidade que se não é revertido muito rapidamente terá uma enorme repercussão na economia e será por certo o pior pesadelo do governo chinês."

(Miguel Pimentel, no 'Público' de hoje)

 

O articulista dúvida, além disso, que "o modelo de desenvolvimento centrado no Estado" funcione por muito tempo. Quanto a isto, não sei, porque tudo depende daquilo em que o sino-capitalismo se transformar, não graças à vontade reformadora ou ao 'verdadeiro espírito revolucionário', mas à incógnita tecnológica.

É verdade que o mercado e a 'democracia burguesa' demonstraram, no passado, uma incomparavelmente maior capacidade de adaptação à realidade do que a economia burocrática, e era forçoso que assim fosse, devido a uma irremediável falta de controlo do homem de hoje sobre a economia desenvolvida. A ignorância dos especialistas sobre as ciências sociais deu lugar a uma escolástica retrógrada de que ainda hoje sentimos os efeitos.

Mas, sem pensarmos nisso e sem que seja esse o objectivo da 'revolução numérica', como dizem os Franceses, o controlo da economia pode estar em vias de deixar de ser uma piedosa ilusão académica. Nada impede, teoricamente, que o pesadelo de "Alphaville", o filme de Goddard, não possa substituir o mercado através de uma centralização mais eficiente do que da burocracia. Os economistas passariam a palavra aos técnicos de bata branca ou de cor.

O que hoje parece uma incongruência do modelo chinês e um 'handicap' incontornável, pode ser "o ovo da serpente".

Já é revelador que o sucesso económico deste comunismo 'sui generis' se deva, em grande parte, a uma escolha política que privilegia o poder económico em relação à necessidade de respirar. Pensará o Partido que as 'dores de parto' da Revolução Industrial' em Inglaterra, mesmo agravadas desta maneira, são ainda hoje uma etapa necessária?

Sem darem por isso, os Chineses confrontam-se com outra versão do nosso século XIX. Um passo em frente, dois passos atrás.

 

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