Philip Roth
Em "A conspiração contra a América", Philip Roth ficciona o que teria acontecido, do ponto de vista duma família judaica, se Franklin Roosevelt tivesse perdido o seu terceiro mandato, em 1940, a favor de Charles Lindbergh, confesso admirador dos nazis.
Revoltado contra os primeiros sinais de discriminação, logo a seguir às eleições, o pai do narrador invoca o discurso de Gettysburg, em que Lincoln solenemente declara que todos os homens nascem iguais.
Mas o povo americano, que precisou duma guerra civil para decidir a questão da escravatura, tem uma concepção peculiar da igualdade, a qual se refere sobretudo a uma relação dos indivíduos com o Estado (exceptuado o episódio do McCarthysmo) e não entre si.
As diferenças de classe são, aliás, reclamadas pela ideologia do "self-made man". A igualdade entre os indivíduos não permitiria medir, nem recompensar o sucesso dos mais capazes.
Por isso, o judeu se indigna porque a polícia não o defende contra o zelo anti-semita do gerente do hotel, sentindo que se amortece o brilho do Capitólio e dos outros lugares de peregrinação patriótica.
Mas a extrema desigualdade económica não lhe faz ferver o sangue e, em vez disso, é capaz de admirar, como um grande americano, o magnata que abusa do seu poder para corromper a imprensa.
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