Dizia Alain que é pela heresia que a fé se rejuvenesce de século em século. Na verdade, é a dúvida que impede o 'eterno repouso' do pensamento. Para o judaísmo, o nazareno foi um herege, e a Igreja fortaleceu-se no combate às heresias que apareceram depois. Era fatal que depois de dois milénios de experiência em defesa do cânone, e de se ter imposto como a árvore mais antiga, ainda de pé, da nossa cultura, a Igreja já não veja na heresia um grande perigo. As seitas que proliferam, por exemplo, nos EUA, representam uma normalidade com que Roma pode bem.
O grande perigo vem, porém, dessa posição 'acima das heresias' que está a transformar a Igreja num apêndice dos seus museus, nos quais se inclui a sua própria história, as suas ideias e a sua liturgia.
Como os grandes bancos 'demasiado grandes para falir', o seu futuro parece não estar em causa, e existe uma inércia que garante a sua sobrevivência e que os crentes nunca lhe faltem. Por outro lado, o cerco da 'modernidade' desempenha, cada vez mais, a função herética e a ciência vitoriosa não precisou de nenhum 'cavalo de Tróia', para impor a sua idolatria.
Mas é esta situação que pode levar a Igreja, pelo contra-exemplo, à descoberta duma espiritualidade para o nosso tempo.
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