"Em 2010, dois pesquisadores da Universidade do Tennessee construiram um modelo da teoria dos jogos para examinar este problema. Os resultados, publicados por Francisco Úbeda e Edgar Duéñez-Guzmán num artigo chamado ‘Poder e Corrupção', foram, francamente, deprimentes. Nada, concluíram, deteria a corrupção de dominar um sistema de polícia evolutivo. Uma vez, instalada, permaneceria estável em quase todas as circunstâncias. O único ponto positivo é que a má polícia poderia ainda suprimir a deserção no resto da sociedade. O resultado seria uma população mista de carneiros facilmente ludibriados e de senhores feudais hipócritas. No final de contas, o bem--estar seria algo superior ao da situação em que cada um agisse de forma completamente egoísta, mas acabaríamos por ter uma sociedade como a das vespas."
("Game theory's cure for corruption?", Suzanne Sadedin in 'Aeon')
Não é razoável chamar de pessimista esta abordagem, visto que a história não tem deixado de a confirmar. Mas o pessimismo, sem alguns caprinos ingénuos (todos?) que acreditam que tudo poderia ser diferente se Cristo descesse à terra (ou qualquer coisa de parecido, como a Grande Revolução Fina, não seria uma sociedade humana.
Há muitas formas de fatalismo (religioso, científico, económico, estatístico ou, simplesmente, humoral). O seu defeito congénito é estar subordinado a uma lógica que tanto pode ser a da razão, ou a da loucura, como no caso do doutor Strangelove. Todos os analistas sociais (e especialmente os analistas do mercado) se sentam na cadeira daquela estranha marionete do filme de Kubrick quando tentam ser 'objectivos'.
Não sabem o que se passa fora da sala de uma muito particular estratégia planetária.
Finalmente, será a corrupção inerente ao poder e, ao contrário do que pensava Marx, não há classe libertadora das próprias algemas e das algemas de todas as outras, mas é o poder em si que tem de ser o objecto da utopia?
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