"O Leopardo" (1963-Luchino Visconti)
"Não somente Lancaster se abandonou sem resistir a este cineasta "de que não tinha visto ainda equivalente em Hollywood, ele que tinha trabalhado com Preston Sturges, Robert Aldrich e John Huston", mas mergulhou na leitura de tudo o que se podia ter escrito sobre a época, sobre o meio que lhe era preciso representar, ele , o antigo acrobata de circo, o cow-boy sem cultura. Foi, dirá Visconti, "um desenvolvimento progressivo e duramente alcançado, do qual o filme aproveitou"; de que aproveitou também o actor que a partir dali tomou como modelo, até no seu comportamento privado, o aristocrata italiano (...)"
in "Luchino Visconti, Les Feux de la passsion" de Laurence Schifano
A transformação da star Burt Lancaster no príncipe Fabrizio de "Il Gattopardo" é das coisas que mais me impressiona. Tenho sempre presente a imagem daquele sorriso mecânico do actor em, por exemplo, "Vera Cruz", de Aldrich. Não foi uma mudança temporária nem superficial, como se viu em "Conversation Piece" e "Atlantic City".Visconti conseguiu tanto moldar o intérprete, como recriar o homem.
O artista segue o seu sonho de rebelião contra as normas, sejam elas as da vanguarda, intransigente na sua ideia que podia ir até à mania na reconstituição do passado. E o mundo é como cera nas suas mãos.
Não se livrou de ser apodado de académico e decadentista pelos mais novos.
Mas a obra está aí, sempre jovem e luminosa.
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