sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O HOMEM SELVAGEM

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"Nenhum psicólogo comportamentalista que observasse as pequenas aldeias isoladas no Interior do Brasil declararia decididamente que os seus habitantes "desenvolvem diferentes formas de loucura" a fim de enfrentarem a chuva, as carências alimentares e a desolação."

(Claude Lévy-Strauss, citado por George Steiner)

Parece que a razão (iluminista, ocidental, universal) é indissociável de um tipo de loucura, ou irracionalidade correspondente.

Os etnólogos que se depararam com os 'exóticos' comportamentos de algumas tribos isoladas tiveram que ultrapassar muitos dos preconceitos que traziam no seu saco de viagem. Não chegava, claramente, atribuir esses hábitos de vida ao atraso e à superstição. Mas foi-lhes necessário manter o seu mais forte preconceito que precisamente os guiava nesse choque de raças e de culturas: o de que os selvagens eram seres racionais; assim como os missionários partiram da ideia de que tinham alma.

Por isso estava-lhes vedado (aos etnólogos e aos missionários) uma explicação pelo catálogo da loucura. Agustina dizia que o corpo é uma inteligência. Por que haveríamos de recusar a ideia de uma 'razão submersa' nos ritos estranhos do homem selvagem?

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