"A vocação dos Filhos de Zebedeu"
No quadro de Marco Basaiti "A Vocação dos Filhos de Zebedeu" (1510), Jesus na margem recebe os discípulos que abandonaram a faina no lago da Galileia. Um dos irmãos, é João, o preferido.
Esta inclinação é demasiado humana, sendo esse discípulo de todos o mais jovem. E como é de supor num texto tão inspirado, em que o recurso à parábola e à economia de meios é a regra, o "fraquinho" do Mestre não nos é revelado por acaso.
É que a Incarnação para ser perfeita não podia ignorar as inconsequências da "carne". Mas só até certo ponto. Preferência, sem injustiça para com os demais.
João, foi também o visionário do Apocalipse e talvez que este seja um dom dessa amizade da transcendência.
A ideia de ver nos Evangelhos uma incarnação só meio sucedida, pelo imperativo doutrinário, está na origem de algumas tentativas modernas de "completar" a humanização de Cristo.
O discípulo preferido parece ser o "shifter", como diria Barthes, duma leitura mais "mortalizante", que tornaria real o abandono do "Eli, Eli lama sabachtani?" na cruz.
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