quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

A MALDIÇÃO DO ANEL



A notícia chamava de bom samaritano ao homem que entregou na polícia a mala perdida com um tesouro.

Dificilmente o caso se adequa à passagem bíblica. A simples honestidade e até a prudência podem estar na origem desse gesto.

Há uma diferença, na verdade, entre o roubo, mesmo "oferecido" por uma oportunidade excepcional e o achado de que nos apropriamos.

A culpa no primeiro caso resulta da acção, mas no segundo temos a ilusão da passividade.

Aquilo que vulgarmente se chama de o sistema permite-nos também esse tipo de ilusão e que nunca nos ponhamos as questões verdadeiramente incómodas.

Suponho que aqui se aplica plenamente a história de Gigés e do anel de oiro que lhe permitia ser invisível, como se pode ler em Platão.

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