"Cada indivíduo é ao mesmo tempo o beneficiário e a vítima da tradição linguística na qual nasceu - o beneficiário, tanto quanto a linguagem dá acesso à memória acumulada da experiência de outras pessoas, a vítima, na medida em que o confirma na crença de que uma reduzida consciência é a única consciência, e como esta ilude o seu sentido de realidade, ele está por de mais predisposto a tomar os seus conceitos por dados, as suas palavras por coisas reais. Aquilo que, na linguagem da religião, é chamado 'mundo' é o universo da consciência reduzida, expressa e, como se, petrificada pela linguagem."
"The Doors of Perception" (Aldous Huxley)
Sabemos pela própria experiência que os nossos conceitos e as nossas palavras sofrem uma transformação que, de algum modo, procura acompanhar o novo mundo criado pela técnica e a comunicação. Só depois dessa mudança da linguagem tomamos consciência do que ocorreu na nossa vida.
O modelo de consciência universal que faz parte do monoteísmo é o único com que nos podemos medir, em termos de consciência. Não conhecemos, espontâneamente, o paradigma da consciência reduzida de que fala o autor do 'Brave New World'.
Embora se possam constatar vários graus de consciência ou de estados de alerta, não temos termo de comparação para uma consciência 'cósmica' a não ser a de Deus.
A experiência do misticismo oriental que tanto atraiu Huxley não se aproxima, isso é certo, do conceito ocidental de consciência.
De resto, não saberíamos o que fazer com uma tal super-consciência.
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