"O cuidado com as pessoas toma muitas vezes a forma da preocupação com a qualidade das suas histórias, não com os seus sentimentos."
"Pensar, Depressa e Devagar" (Daniel Kahneman)
Mas as histórias que contamos aos outros e a nós mesmos são, apesar de tudo, racionalizações conseguidas, no sentido em que contêm o dique dos sentimentos. Por que haveríamos então de desmontar esse andaime que o próprio ergue para preservar o auto-controlo e explorar o que 'está por detrás disso'?
Seria fazer prova de que acreditamos mais no homem 'espontâneo' e na desordem das suas emoções como mais próximos da verdade. Ora, esta teoria é um vestígio do rousseauismo e ignora o ser pensante que, por definição, nunca se oferece na totalidade, nem de forma imediata. O que fazemos dos nossos instintos e dos nossos primeiros movimentos é mais real do que tudo o que 'superamos'.
Alain dizia que uma emoção julgada torna-se um sentimento. É a primeira apropriação da nossa personalidade. O carácter é a seguinte, e é constituído pelos sentimentos em que nos reconhecemos, depois de atravessada a 'floresta dos enganos'.
É também verdade que podemos exprimir-nos em impulsos secundários que não surgem directamente da natureza, mas são uma espécie e síntese a partir do auto-conhecimento.
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