quarta-feira, 22 de julho de 2015

ÓDIO

Aristóteles

 

"A cólera tem sempre um indivíduo como seu objecto, enquanto o ódio se aplica às classes."

(Aristóteles)

A ira é uma paixão do momento. Quando o objecto desaparece da vista, quase sempre se esquece. É como uma ferida da pele que, se não for coçada, cicatriza.

O ódio precisa continuamente de combustível. E encontra-o sempre nas circunstâncias da vida em sociedade, graças a uma ideia que confirma o odiador no seu ressentimento.

A doutrina da luta de classes, como se sabe, deve quase tudo ao darwinismo. A filosofia da "Origem das Espécies" forneceu um dispositivo para a interpretação da história que a torna de uma facilidade ilusória.

Temos de nos lembrar que as grandes ideias são simples, mas não simplistas. E que uma grande ideia pode ser esvaziada do seu conteúdo e tornar-se um elo de uma nova prisão do espírito.

Há um tipo de ódio político que sobrevive à própria classe. Essas pessoas continuam fiéis à ideia primitiva que motivou o ódio, quando o mundo mudou para todos os outros efeitos e as classes mudaram de posição ou simplesmente desapareceram.

 

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