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"Muitas palavras, e precisamente as essenciais, estão na mesma situação: a linguagem está em geral gasta e esgotada, é um meio de comunicação indispensável mas sem domínio, que pode ser usado como aprouver a cada um, tão indiferente como um meio de transporte público."
(Martin Heidegger)
Esta é uma afirmação contra-intuitiva. Descobrimos há cerca de 200 anos que 'somos', também, a linguagem que usamos. Em vez de instrumento pronto a servir, conquistado aos deuses, os 'dentes de dragão' semeados por Cadmos, a linguagem parece algo inseparável do tempo e da articulação com o mundo e da sua criação.
Mas, como processo (essa palavra que atravessa toda a história dos últimos séculos e que assinala a entrada do tempo no conceito do ser) que era suposto diferenciar-se da natureza num 'para si' hegeliano, permanece um ideal apenas acessível a alguns filósofos. No essencial, a linguagem é uma dimensão inconsciente e tão indiferente aos 'utilizadores' como 'um meio de transporte público', de facto.
Deveremos sentir-nos frustrados (culpados?) por não sermos capazes de 'saltar sobre a própria sombra'?
Não tira que a ilusão de que podemos dar esse salto é estranhamente 'produtiva'. Mas talvez nos devêssemos interrogar sobre o destino que os nossos imensos erros sobre o que na realidade somos nos preparam.
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