domingo, 12 de julho de 2015

A CRENÇA NO FUTURO

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"Mas não podem escapar. Este puro elogio da volição acaba na mesma destruição e no mesmo vazio da mera perseguição da lógica. Exactamente como o pensamento completamente livre envolve a dúvida sobre o próprio pensamento, assim a aceitação do mero 'querer' na realidade paralisa a vontade."

"Orthodoxy" (G.K.Chesterton)

Nesta encruzilhada europeia, todos os países podem invocar a democracia e a vontade do povo para defenderem posições incompatíveis. Verifica-se que a ideia da Europa não vingará pela simples vontade das cúpulas, nem através de um processo genuinamente democrático. Lincoln surge aqui para nos lembrar que não foi a livre discussão que forjou a unidade americana. Os nossos costumes não mudaram tanto que não possamos aprender com a guerra civil dessa grande nação.

Todos os países que formam a UE são construções 'naturais', cheias de 'anomalias' resistentes a qualquer 'conformação' continental.

Claro que há grandes mudanças a partir de cima (mas nunca conforme os 'reformadores', ou os monarcas 'esclarecidos as pensaram). Ivan o Terrível ou Pedro o Grande da Rússia conseguiram-no, com custos humanos incalculáveis. O nosso Marquês foi um homem duro, com uma espécie de mandato conferido pela catástrofe

Mas não devemos menosprezar a força das leis para corrigir os costumes. A convivência com as novas ideias muda também a disposição dos povos, ou pelo menos a das novas gerações. Bonaparte perdeu a guerra europeia, mas não a paz que se lhe seguiu. Julien Sorel ("Le rouge et le noir") não foi a única cabeça esquentada pela 'Campanha de Itália' e a mensagem da Revolução Francesa.

Talvez se possa dizer que as grandes reformas precisam de força para serem rápidas (mas quase sempre traídas), e de tempo para se imporem pacifica e definitivamente

Do que a Grécia actual precisa é de líderes que vejam o horizonte para lá das árvores. Se faltarem, impor-se-á a força míope dos banqueiros.

A visão que se pede é, no fundo, uma crença no futuro. Aqueles que pensam só dentro da 'caixa do presente' são os nossos coveiros.

 

 

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