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"Se Cristo não ressuscitou, então a nossa fé é vã."
(São Paulo)
Não se fala aqui de um facto (Paulo nem sequer podia ser testemunha; terá nascido na primeira década depois da morte de Jesus). Sem os registos historiográficos de tempos mais próximos de nós, a questão tornou-se indecidível, excepto para doutrinas como o 'materialismo histórico'.
Trata-se, pois, de uma espécie de dogma, sem a adesão ao qual, a própria fé no cristianismo é vã, como diz o mais célebre convertido da história. Na verdade, tudo na narrativa evangélica e na doutrina posterior da Igreja deixava de fazer sentido, caso Jesus, 'filho de Deus', não tivesse ressuscitado.
Qual é então a natureza do dogma religioso? Fui buscar a Chesterton (um convertido, apesar de não ter caído do cavalo), este delicioso exemplo: "Se Cinderela diz: 'Por que é que eu tenho de deixar o baile às doze?', a sua madrinha podia responder: 'Mas por que é que vais lá até às doze?'
Só quando o mundo perdeu a 'graça' (a magia diz o autor inglês) e cabe todo numa fórmula é que nos pode parecer 'natural' estar no baile até à meia-noite.
É esta a melhor defesa do dogma (ou da vontade, se quisermos). É só um começo que suspende a dúvida, neurótica ou metódica que nos impede de tomar uma direcção.
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