George Steiner |
George Steiner refere-se a "este paradoxo da proximidade, esta descoberta, que é tanto socrática como fenomenológica, segundo a qual as maiores densidades de sentido jazem no imediato, no mais obviamente à mão."
Mas toda a filosofia antiga (talvez à excepção de Heráclito) distingue a essência das coisas (o que precisa de ser revelado) do mundo fenomenal. Kant não superou essa distinção, mas pôs a essência fora do nosso alcance, o que abriu as portas à atitude científica e à produtividade do conhecimento moderna.
Deixou-se a Deus o que é de Deus que, de qualquer modo ultrapassa a nossa compreensão. Porque o imediato, na sua profundidade e densidade 'paradoxais' talvez seja o único meio permitido à razão incorporada. E a única compreensão ao nosso alcance é a do sentido.
Aquele lugar-comum que nos explica como é que o pensamento é a coisa mais rápida do mundo (sem sair do lugar) tem uma certa afinidade com a ideia de que podemos extrair sentido de tudo, mesmo do que nos ultrapassa, isto é, sem realmente sabermos para além do mito.
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