quinta-feira, 30 de julho de 2015

JOANA D'ARC


Joana D'Arc

"A mediocridade vingou-se bem: ela foi queimada, ela que era o Espírito e a Vontade, pela burocracia desse tempo. Por minha fé, é talvez a mais bela história humana."

Alain

Em que é preciso crer para não depreciar esta história sob uma categoria como a loucura? Mas nem os inimigos do seu país, os Ingleses, foram capazes disso, e foi preciso recorrer ao terror supersticioso.

O sentimento popular não se enganou que fez dela a incarnação da alma colectiva e da sua terra em perigo de vida. Devia ser necessária, nessas circunstâncias, a ideia espalhada da fraqueza do rei e da côrte para sugerir a fé inspirada e a missão irrecusável no espírito de uma pobre rapariga do campo. Conceber essa fraqueza e encontrar a fonte do heroísmo foi um mesmo pensamento.

Alain diz que foi a burocracia que teve a última palavra, depois da prisão de Jeanne pelo poder inimigo. O que se seguiu no celebérrimo processo foi o resultado da força triturante dos argumentos de uma escolástica desenvolvida ao longo de séculos para justificar o 'status quo' exercida sobre a palavra viva, mas cercada de todos os lados, impedida de comunicar com a origem de todo o seu 'entusiasmo'.

O cinema deixou-nos, com Dreyer, o melhor dos retratos em que a mística e a psicologia se debatem. Mas não podemos, talvez, nem sequer imaginar a solidão da prisioneira, que não tinha a sombra de um recurso 'individual', no sentido moderno.

O poder político e a burocracia religiosa decidiram pela fogueira, levados pela cegueira do curto-prazo. Não viram que a 'feiticeira' renasceria das cinzas e se tornaria um dos símbolos da França. Como diz Alain, esta é, talvez, a mais bela das histórias.

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