"A linguagem do amor é uma linguagem cifrada, e na sua suprema perfeição tão muda como um abraço."
(Robert Musil)
É uma linguagem perfeita quando consegue manter a informação à distância, numa inutilidade redonda. As palavras, então, são movimentos de dança, em que 'a verdade não se comunica, mas se entrega (se trai), involuntariamente (Deleuze, sobre Proust).
Por isso, o ciúme é uma transgressão desta harmonia. O ciumento monta as suas armadilhas, procurando, pelo contrário, informar-se.
A 'discussão sobre as provas' não tem fim. No melhor dos casos, a distorção do amor pode continuar porque o ciumento se vê obrigado a 'passar um atestado de inocência sobre um ser que sabe culpado' (idem).
"Não há logo, há só hieróglifos" (idem).
Para não cairmos na banalidade de dizer que o amor não é racional, pode dizer-se que deve ser interpretado como uma língua perdida, como se em algum período de oiro alguém dançasse com as palavras.
Mas parece certo que qualquer tentativa de interpretação precisa de supor sentido no seu objecto. É por isso que o hieróglifo é uma imagem feliz.
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