"Sentimo-nos estrangeiros neste mundo, desenraizados, no exílio. Também Ulisses, a quem alguns marinheiros haviam transportado durante o sono, ao acordar num país desconhecido, desejava Ítaca com um desejo que lhe dilacerava a alma. De repente, Atena abriu-lhe os olhos e ele percebeu que estava em Ítaca. Da mesma forma, todo o homem que deseja infatigavelmente a sua pátria, que não é distraído do seu desejo nem por Calipso nem pelas Sereias, percebe um dia, repentinamente, que se encontra na sua pátria."
("Espera de Deus")
A nossa casa é o ser (como dizia Heidegger) e todo o homem é estranho a si mesmo e acorda no meio dos perigos.
A tormenta fá-lo aportar a ilhas desconhecidas que o tornam mais saudoso ainda da pátria.
Só depois da viagem sem fim, pelos mares e pelos infernos, o homem pode beijar o chão da sua terra e chegar a casa.
Joyce fez dessas peripécias uma aventura interior.
Simone Weil teve também a sua guerra de Tróia e um surpreendente regresso a uma pátria que não era deste mundo.
Mas Ítaca reencontrada não é um lugar.
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