Terrence Malick é o americano mais próximo do cinema russo (penso na música pasmada de um Tarkovsky).
Seria possível depurar um estilo na prodigalidade? Buñuel, tão prolífico, é a prova de que sim. Malick que, em 40 anos fez 6 filmes, com uma paragem de quase duas décadas, pertence a outra linhagem. Só faz os filmes quando cresce.
Neil (Ben Affleck) ama Marina (Olga Kurylenko) e, depois desta regressar a França, 'retoma' (o mesmo amor?) com Jane (Rachel McAdams), uma amiga de liceu. Mas a primeira já não se sente bem em Paris e quer 'calçar' o primeiro tempo de júbilo inocente. Neil escolhe, quase 'obrigado', viver o segundo acto com ela. Mas sucede o desencanto e a frustração. Jane desaparecida da cena, Neil afasta-se da mulher com quem acabou por casar por causa do visto.
As incertezas do amor têm uma espécie de réplica nas dúvidas do padre Quintana (um inesperado Javier Bardem) que se tortura com o íntimo inquisidor. Servirá para alguma coisa aquilo que anda a fazer junto dos 'últimos da terra'?
A personagem de Affleck quase não fala (a não ser em 'off'). Só assim sabemos como a sua paz exterior deve tudo ao temperamento.
O quarteto de gente confusa evolui, no entanto, cercado pela beleza. O título original ('To the wonder') parece indicar um caminho: deixar cair as escamas dos olhos e olhar em volta. O panteísmo encontrou o seu cineasta.
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