"Quando faço desfilar diante de mim os meus professores zuriquenses, o que me impressiona, é sua diversidade, a especificidade dos modos pessoais, a riqueza que neles havia. Muitos deles ensinaram-me o que era suposto me ensinarem; por muito bizarro que isso possa parecer, a gratidão que sinto em relação a eles, cinquenta anos depois, não pára de crescer de ano para ano. Quanto àqueles que pouco me ensinaram, permanecem tão presentes no meu espírito, enquanto homens ou enquanto personagens que devo-lhes muito também."
Elias Canetti ("La Langue sauvée")
Na verdade, é na escola que começamos a conhecer o mundo fora da família e a formar um juízo independente. Os estranhos são-nos tão necessários para a socialização como, por exemplo, a experiência dos objectos para a racionalização do espaço.
Nessa aprendizagem, a identificação, a admiração e o sentimento duma hierarquia natural são as condições ideais.
Na prática, em vez delas, temos muitas vezes o medo, a indiferença ou a revolta.
Talvez por não ter encontrado quem soubesse contornar a minha timidez nunca me foi transmitido o fogo sagrado que tive de descobrir por mim.
Creio que a escola à maioria ensinava sobretudo o comportamento, a disciplina do corpo e da atenção necessários a uma futura vida profissional (modelo que entrou hoje em completa falência).
Mas os que tiveram a sorte de encontrar bons mestres e que estavam abertos para essa ocasião sabem que a relação pessoal é a essência da verdadeira educação.
E esse é o limite que nenhuma revolução tecnológica pode iludir.
Um robot pode informar-nos, mas não fazer de nós homens.
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