M.C. Escher |
"(...) o que há de deplorável nas teorias modernas do comportamento não é que sejam falsas, é que se podem tornar verdadeiras, é que são, de facto, a melhor conceptualização possível de certas tendências evidentes da sociedade moderna."
(Hannah Arendt)
Ou as 'tendências' da sociedade são uma espécie de verdade 'auto-referendada', por assim dizer, o que seria muito parecido com uma democracia sem constituição nem princípios, em suma, plebiscitária (e sabemos como o inferno das ditaduras está cheia de plebiscistos) e, assim, as 'teorias modernas do comportamento' estão certas, ou é preciso, eventualmente, rejeitá-las em nome de uma ideia do homem (não basta uma ideia de sociedade, como a história o tem demonstrado).
O problema é que vivemos sob o paradigma da 'relatividade' e do relativismo. Einstein abriu grandes portas, mas talvez tenha fechado outras portas. E, pelo menos, teve consciência do carácter ambivalente do progresso científico.
Suponho que quem quisesse contestar a validade, até agora confirmada no campo da Física e da Astronomia, das suas teorias, quando são de algum modo 'convertidas' às 'disciplinas' do homem, teria direito a uma espécie de ex-comunhão.
Mas a verdade é que as tendências resultantes dessa revolução científica apontam para a indefensabilidade do 'território do homem'.
Então, temos de concordar com Arendt. Quando já não importa que as teorias comportamentais sejam falsas (em relação ao que é próprio do homem), porque são 'verdadeiras' em relação às tendências realmente existentes, a situação é deplorável...
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