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"Não há ciência se não se instituíram [...], numa operação independente, as regras arbitrárias da ciência. É no arbitrário que a ciência se prepara para fazer leis, é pelo arbitrário que ela é possível."
(Paul Valéry)
Se isto é assim, fará alguma diferença que o fundamento da ciência seja este ou outro (já que é arbitrário)? E podia, talvez, acrescentar-se que esse fundamento só não é Deus, porque a história da ciência é a história da sua longa luta para se distanciar da religião.
Descartes, pai do racionalismo moderno, pôde ainda incluir a figura de Deus na abóbada do seu sistema. Mas depressa a necessidade dessa inclusão deixou de ser evidente, como deixou de ser para Laplace.
Mas porque é que o 'arbitrário' dos fundamentos parece não prejudicar a lógica dos subsistemas ciêntíficos?
Não será porque o pleno desenvolvimento do animal racional exigiu a crença num universo racional e num ser providencial que é o homem?
Esse optimismo falha necessariamente, quando aplicamos a nós próprios os instrumentos e os conceitos que aplicamos à 'natureza'.
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