"Não sejas demasiado bom com a tua mulher e não lhe confies todos os teus segredos."
(conselho de Agamémnon a Ulisses, na "Odisseia")
Assim, desde o princípio da civilização europeia, quando Hesíodo nos deu a conhecer Pandora (a origem inocente de todos os males) e muito antes do Cristianismo ter feito de Eva, na narrativa bíblica, uma espécie de aliada 'objectiva' (perdoem-me esta intrusão da política na história sagrada) da serpente, outra vez no papel de instrumento inocente, que a mulher é um ser misterioso que na verdade reina sobre a alegada potência do outro sexo, embora com 'armas' que não são verdadeiramente suas.
Parece evidente, na história, uma incompatibilidade feminina com 'as malhas que o império tece', a arte da estratégia não é o seu domínio, de resto, de que valem as 'artes militares' de previsão e antecipação se o resultado é invariavelmente outro que o desejado. Se não fosse a força do 'complexo militar-industrial' que distorce a democracia, reconhecer-se-ia que nessa arte não se faz melhor do que examinar as entranhas dos pássaros.
A conversa do rei dos Gregos com Ulisses é uma história entre militares. O guerreiro deve preservar o instinto de morte e relegar para o momento da vitória, o prémio das suas façanhas. É este desígnio que reclama a conversão da mulher num inimigo interior, de quem se desconfia, mas a quem se pede um crédito inesgotável de confiança, ou de 'respeito' inspirado no temor.
Na mitologia, as núpcias de Marte e de Vénus são o sinal da reconciliação, momento em que ambos se despem de armas e disfarces. Como sempre, o mito vai mais longe do que parece, e nada há de mais efémero do que essas núpcias.
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