"(...) a ideia que Engels retirou de Saint-Simon: a dominação dos homens pelos homens cede lugar à administração das coisas."
(Jürgen Habermas)
Isso seria possível se a última das classes chegasse à dominação, pondo fim ao capitalismo e à milenar 'exploração do homem pelo homem'.
Foi essa ideia que levou Lenine a formular a célebre 'blague' sobre a cozinheira à frente do Estado.
Mas o que é que, desde o princípio, condiciona a 'administração das coisas'? Não teriam já os antigos Romanos a noção de que ao Estado competiria, em última análise, a administração da 'coisa pública'?
Pode entender-se até que o conceito saint-simoniano não terá sido mais do que uma tentativa de regresso à tradição. A ruptura ter-se-á dado com a introdução do Sujeito da história na filosofia hegeliana e, posteriormente, com a elevação da ideia de classe social a esse estatuto.
Mas o Sujeito da história perde toda a pertinência se o separarmos daquele sistema filosófico. Pelo contrário, o que a história subsequente tem mostrado é que parece cada vez mais utópica qualquer comparação entre a consciência e a responsabilidade individuais e qualquer entidade nacional ou internacional que possa reclamar-se daquelas qualidades.
A análise de Thomas Piketty não deixa dúvidas sobre isso. Não vai ninguém ao leme da nau capitalista. E, na Europa 'comunitária', por exemplo, assistimos à eterna parábola dos cegos que conduzem outros cegos.
A nave dos loucos não merece outro nome.
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