" Não havia de todo entre nós", diz uma testemunha, "trinta deputados que pensassem diferentemente de Reynal, mas em presença uns dos outros, a honra da Revolução, a perspectiva das suas vantagens, constituíam um dogma no qual se impunha acreditar."
(Hyppolite Taine, citado por Fr. Reynaud Silly)
Canetti interessou-se por descobrir a força que dirige o indivíduo que faz parte de uma multidão em movimento. A sua experiência pessoal dessa perda do sujeito foi de tal modo perturbadora que lhe dedicou a obra da sua vida, 'Masse et puissance'.
A imitação é sem dúvida um arcaico e poderoso instinto que nos exonera da carga de pensar.
Mas qualquer um pode experimentar, fora do choque da multidão, algo de parecido com esse poder insidioso numa qualquer reunião política. Daquilo a que Augustin Cochin, historiador da Revolução Francesa, já chamava de 'máquina':
"Ele entendia por isso "uma forma de socialização cujo princípio consiste em que os seus membros devem, para desempenharem nela o seu papel, despojar-se de qualquer particularidade concreta e da sua existência social concreta" É o contrário dos corpos sociais do Ancien Régime procedentes de uma comunidade real de interesses profissionais ou sociais."(ibidem)
Assim que certas ideias simples, mas eficazes, imponham uma espécie de "dogma', os participantes numa dessas reuniões, 'em presença uns dos outros', deixarão de ouvir a voz interior que, desde Sócrates, associamos ao juízo livre e pessoal. É uma questão de 'temperatura' política. Todos nós, se não tivermos recalcado esse sentimento, deveríamos estar prontos a reconhecer que, em tempos loucos, nos comportamos como loucos.
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