"É da América que deriva o dito de Lafayette que criou uma comoção ao tempo, que a resistência é o mais sagrado dos deveres."
(Lord Acton)
Um país sem raízes inspira uma velha nação europeia no momento em que os seus filósofos põem em causa a ordem antiga e uma nova classe vai substituindo no poder uma decrépita aristocracia.
Também a guerra da Independência americana não era uma revolta qualquer. Não havia um mundo antigo a que derrubar muralhas com a trombeta de Jericó. Só a potência colonizadora. E a embrionária divisão interna que iria levar à Guerra Civil.
Algumas abstracções filosóficas em França receberam do exemplo do outro lado do Atlântico como que a prova do seu realismo. As situações eram, contudo, muito diferentes. Em França, a Revolução não se pôde 'consolidar' porque encontrou a resistência dos antigos senhores, apesar das defecções de muitos nobres (como é o caso do próprio Lafayette) e, sobretudo, a fúria popular, na província, por causa do seu programa ateísta.
Só para um aristocrata 'progressista' (como se diria mais tarde), a resistência podia ser 'o mais sagrado dos deveres'. Para um povo educado pela Igreja Católica, isso não fazia sentido ('dai a César o que é de César'). Mas é preciso atender ao contexto da antiga colónia americana, resistir visa aqui um país estrangeiro.
Mas a quem se deveria resistir na 'melée' tevolucionária? A Revolução esgotou-se no drama das assembleias que de populares passaram a depender de uma guarda pretoriana e de um poder frenético, em fuga para a frente. Foi à própria Revolução que se tornou um dever sagrado resistir, com o desfecho trágico do Terror.
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