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"O Cristão admite que o universo é multifacetado e mesmo miscelânico, tal como o homem são sabe que é complexo. O homem são sabe que ele próprio tem um toque da fera, um toque do diabo, um toque do santo, um toque do cidadão. E não só isso, o homem realmente são sabe que tem um toque do louco. Mas o mundo materialista é bastante simples e sólido, tal como o louco está completamente seguro de que é são. O materialista está seguro de que a história tem sido simplesmente um encadeamento de causas (...)"
"Orthodoxy" (G.K.Chesterton)
Para sermos justos com os loucos, materialistas ou não, devemos reconhecer que todo o chamado progresso científico ao longo da história foi o resultado de incansáveis tentativas para tornar simples o que parece complexo. Já o "Discurso do Método" falava em dividir as dificuldades. Mas claro que hoje estamos mais atentos ao que se perde com uma abordagem analítica.
Dizer, por exemplo, que a 'história é a história da luta de classes' pressupõe que se captou a essência do 'processo histórico'. Mas a própria noção de processo ressente-se da sua origem anatómica. O termo processo histórico, em relação à história real, está na mesma proporção que existe entre o morto e o vivo.
Não há dúvida, porém, que só assim conseguimos 'avançar'. Perdemos o essencial, mas conseguimos desenvolvermo-nos o suficiente para as necessidades tidas como mais urgentes (senão adoptarmos a visão do fim-do-mundo, como certos radicais islamistas, caso em que, evidentemente, não nos interessaria 'avançar' para lado nenhum).
Pode-se concluir, pois, da ideia chestertoniana que a sanidade mental pesa muito menos no nosso mundo do que pensávamos. E isso vai muito para além de reconhecermos que todos temos o 'grão de loucura' a que se referia Pessoa.
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