“O sentido da vida ultrapassa a própria vida.”
Julius Spier
Uma peça fora do puzzle não tem sentido. Uma letra, uma palavra, um texto não têm sentido isolados (ou não têm todo o seu sentido). Nem um capítulo de, por exemplo, “A Cartuxa de Parma”, sem a literatura e esta sem a cultura francesa.
Em última análise, o sentido seria uma leitura de Deus. Todos os conjuntos, quais babushkas a sair umas das outras, do “universo” ao “átomo” (estas palavras estão entre aspas por que já não querem dizer uma só coisa), formariam uma inexcedível harmonia.
Por conseguinte, o sentido último é uma utopia que nos condena a procurar uma assimptota.
E, se virmos bem, desde o manipanço e o mais primitivo mito da criação do mundo à teoria da relatividade geral é a mesma busca que prosseguimos. É o mais e o superior que explicam o menos e o inferior.
Mesmo um cérebro delirante constrói uma ficção com sentido.
O dicionário diz que sentido é uma direcção, uma orientação. Mesmo para mudar da cama para a cadeira precisamos de saber para onde ir.
A vida sem sentido nem chega a ser “um ai que mal soa”.
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