“Aqui reside o paradoxo: a rejeição da organização tayloriana e a coroação da empresa humanista aceleram a desestabilização, a fragilização subjectivas. Quer seja na esfera privada ou na esfera profissional, por toda a parte a autonomia individualista paga-se em desequilíbrio existencial”
Gilles Lipovetsky (“O crepúsculo do dever”)
A disciplina e os esquemas mais rígidos não anulam a angústia. Segundo o modelo energético de Freud, apenas a deslocam, sob a forma de modificações somáticas.
A utopia de Taylor lembra-me, em “The killing fields” (Alain Joffé), a termiteira dos campos no Cambodja de Pol Pot, vigiada por crianças histéricas, que disparavam à menor suspeita de “heresia”. Com os seus lenços vermelhos e as suas metralhadoras pareciam a inocência conduzindo a morte, nesse paranóico regresso à pureza.
Parece que estamos muito longe da divisão racional do tempo, mas em ambos os casos é a razão que engendra os monstros.
O humanismo na empresa desemboca no impasse descrito por Lipovetsky. Só podemos ser livres, como o trapezista é livre, arriscando a queda a todo o instante.
Por isso a rede tinha que ser inventada. Mas hoje está esburacada pelo cepticismo e pela descrença.
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