Claude Imbert |
"O verdadeiro, com efeito, distingue-se do bom - porque não tem qualquer função normativa; e distingue-se do belo - porque não admite nenhum grau."
Claude Imbert ("Introduction aux Écrits logiques et philosophiques de Frege")
Devia dizer-se então que o conhecimento científico, tanto quanto ele é gradual, não pertence ao domínio da verdade. E Karl Popper confirma-o, até certo ponto, ao reconhecer que ele se aproxima cada vez mais da verdade, sem nunca podermos dizer que é em absoluto verdadeiro.
A verdade não teria partes (como em 'isto em parte é verdadeiro') como não dependeria do tempo ('amanhã, poderei já não pensar assim'). E teria a melhor analogia no próprio ser humano, que é sempre diferente, a cada momento que passa (das suas células ao seu pensamento), mas, ao mesmo tempo, sempre o mesmo. A verdade do homem não é nenhum aspecto da mudança, nem o que ele quer ser, mas o que é, mudando. E isso é o que não podemos saber que seja.
Resta-nos a intuição disso, que é mais estética do que inteligível.
Sentimos, qualquer um pode sentir, por vezes, um acorde feliz entre aquilo que se chama, desde Platão, o Verdadeiro, o Bom e o Belo, em que a ciência parece certa, que a boa vontade prevalece e que a natureza e a arte fazem coro.
Tem de haver momentos assim, para o tempo que estamos a viver parecer 'fora dos gonzos' ('out of joint'), como diria o vate inglês.
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