domingo, 16 de junho de 2013

O EXTERIOR


Alma Moodie, R.M Rilke and Werner Reinhart by Smitten Kitten on Flickr

"(...) Quem mostra uma criança tal como ela é? Quem a coloca
na constelação e lhe põe a medida da distância
na mão? Quem faz a morte da criança
com pão cinzento que endurece,- ou a deixa
dentro da boca redonda, como o caroço
de uma bela maçã?...Assassinos são
fáceis de entender. Mas isto: conter a morte,
a morte toda, ainda 'antes' da vida, tão
docemente contê-la e não ser mau,
isto é indescritível."

Rainer Maria Rilke (4ª Elegia de Duíno)
(tradução de Paulo Quintela)

Sim, quantas noites em que o exterior, o que está fora de nós, se revela para nossa surpresa, porque sempre esteve ali, e nós nos deixamos prender à "distância média" do mundo fabricado?

Quantas noites, sim, que perdemos, na noite demasiado humana, com néon e estrelas artificiais! E, no entanto, bastava o campo, sem as luzes da cidade, ou o mar, abrigados do farol e da epifania dos écrãs nas janelas.

Bastava que nos perdêssemos, numa noite sem luar, porque o carro ficou sem gasolina no meio da serra...

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