sexta-feira, 14 de junho de 2013

DIREITO À RESPOSTA

 

"Não gosto de dar respostas [...]. Hoje, quando se dá respostas às pessoas, elas têm a impressão que as tomam por imbecis e que interferem com a sua liberdade."
"Mon testament philosophique" (Jean Guitton)

Tomada à letra esta ideia, a escola, por exemplo, estaria minada nos seus fundamentos. E quanto mais se ocultasse a figura do mestre por detrás do 'equipamento' e do processamento 'objectivo' da transmissão de conhecimentos (uma espécie de 'download', revisto e actualizado em permanência), mais livres se sentiriam os alunos e menor o sentimento de serem tratados como imbecis.

Guitton refere-se, talvez, a adultos, mas o que é um adulto ignorante perante outro que tem algo alguma coisa a ensinar-lhe? E de que liberdade se trata, neste caso, senão a de querer ou não declinar o conhecimento do outro?

O problema, suponho, coloca-se diante daquelas questões para as quais ninguém tem verdadeiras respostas e que preocuparam desde sempre os filósofos. Por isso, ninguém tem o direito de apresentar as suas respostas a não ser como meras opiniões.

Bastaria que alguém, na situação de Guitton, dissesse que não tinha, de facto, respostas, mas que estava à vontade para especular sobre o tema e expor as opiniões que lhe parecessem mais 'razoáveis'.

Ora, quando alguém crê que tem as verdadeiras respostas, não começa por dizer que elas são relativas e do foro pessoal.

Mas aí pede-se adesão a um 'entusiasmo' de cariz religioso, e o próprio exemplo do 'sedutor' indica o pouco apreço em que tem a liberdade abstracta ou o perigo de se parecer imbecil.

 

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