quinta-feira, 27 de junho de 2013

GRANDES COISAS

 

"Não há nada de mais perigoso para o espírito do que a sua associação com as Grandes Coisas."

Robert Musil

O melhor exemplo é o das catedrais. O ambiente do templo não impediu a pior das intolerâncias. A Inquisição, no seu apogeu, foi o verdadeiro anti-Cristo.

Custa-nos a imaginar que o espírito cristão tenha caído nas mãos de uma guarda tão maléfica como as SS de Himmler.

A inquisição foi, teoricamente, um método para salvar as almas. Tornou-se uma arma política e um pretexto para o confisco da riqueza, sendo, no caso da península ibérica, uma grave causa de decadência e de empobrecimento. Um dos 'menores' males, foi o de termos perdido um grande filósofo: Bento Espinosa.

A unidade da Igreja era, sem dúvida, uma Grande Coisa (ou uma grande causa), mas, desde que se tornou numa política e numa doutrina, isso separou-a do espírito evangélico.

É possível que esse espírito esteja encerrado nas grandes catedrais, como que hibernando, ou como a bela adormecida à espera do beijo salvífico? A nossa época enterrou bem fundo esse espírito, a ponto de parecer uma 'revolução' um papa que se quis chamar Francisco, o amigo da pobre gente e das pequenas coisas.

O problema das Grandes Coisas é que normalmente custam muito dinheiro.

 

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