"Os Humanos, ao contrário dos Econs, precisam de ajuda para tomar boas decisões e há modos informados e não intrusivos de fornecer essa ajuda."
(Daniel Kahnemann, "Pensar depressa e devagar")
Os 'Econs', palavra criada por Richard Tahler e Cass Sunstein para designar os humanos, na versão dos economistas, tomam sempre decisões racionais. Por isso se pode confiar no seu juízo e fazer previsōes tão acertadas como a da crise de 2008.
A realidade é bem diferente, como qualquer romancista de segunda categoria sabe. O mundo para nós é como a pele de Proteu, e só nos lembramos da última metamorfose. Os nossos juízos no 'palco da consciência' só se preocupam com os actores em cena ou com aqueles que ainda têm voz para falar detrás da cortina. Em suma, se não nos valer uma caixa do ponto sóbria e bem informada, podemos declamar as palavras de outra peça. Claro que exagero muito... em relação ao teatro, em contrapartida fico aquém da realidade no que concerne aos juízos que todos os dias fazemos.
Precisamos, talvez, de ajuda, como diz o autor. Mas isso é contrário a tudo o que nos ensinaram. Afinal a democracia não tem que assentar na liberdade e na responsabilidade dos indivíduos? Se somos assim tão pouco confiáveis e precisamos da ajuda de peritos e de especialistas para as nossas decisões mais importantes, já vejo daqui agigantar-se no horizonte a figura o piloto de Platão ressuscitado.
Viver em sociedade está a tornar-se algo de tão complexo que já não vamos lá sem as competências de um 'piloto'?
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