sexta-feira, 7 de junho de 2013

O CARRO

 

"(...) É preciso também notar que, na China antiga, a condução dos carros era, com o tiro ao arco, o meio para os príncipes de manifestarem, ao mesmo tempo, a sua habilidade e a sua virtude. Saber conduzir um carro era, diríamos nós hoje, ser capaz de guiar o do Estado."

(Le Dictionnaire des Symboles)

 

Por este vínculo entre a riqueza e o poder (como no caso dos que, na guerra, dispunham de montada, durante o feudalismo), podemos pensar que não há nada de arbitrário aqui, ao contrário do que acontece com a cooptação ou com as decisôes do poder centralizado. São, de facto, lógicas diferentes. No primeiro caso, poder-se-ia falar no que os Antigos chamavam de Necessidade, no segundo, num poder que só responde a si mesmo, à medida que se afasta do 'terreno'.

O simbolismo do carro levanta outra questão. A de saber se o 'carro' ocupa uma forma vazia pré-existente, identicamente disponível para outros objectos, que vão, aliás, mudando no tempo, ou se, por assim dizer, é um verdadeiro símbolo que, em toda uma época histórica parece ter 'consagrado' o poder.

Com a democratização do automóvel e a sua completa 'dessacralização', vem à ideia o poema de Gedeão que se refere ao 'fecho éclair' que todos hoje têm e que o poderoso Habsburgo não podia ter, numa curiosa inversão simbólica.


 

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