"Violência e Paixão" (1974-Luchino Visconti)
Em 1973, Enrico Medioli, o argumentista de Visconti, propõe-lhe um filme moderno. É a história dum professor que vive com uma velha criada, no meio dos seus livros e objectos de arte.
"Um homem maduro, no limiar da velhice, um homem duma cultura excepcional", mas, prossegue, "ele é em definitivo culpado, porque se retirou na sua torre de marfim, numa solidão privilegiada e protegida, numa espécie de sumptuoso regaço materno, em que ele estagna, preso aos seus hábitos e sem traumas, na contemplação da arte."
("Luchino Visconti, Les Feux de la passsion" de Laurence Schifano)
Este não é o filme que eu levaria para uma ilha deserta (sendo dos que mais admiro), porque ele me tornaria demasiado sensível o facto de viver numa ilha deserta.
O sonho do professor é a tentação dos que a vida em sociedade desilude pela gritaria e o mau gosto, pela falta de reverência da juventude pelo passado.
No seu palácio romano, ele conversa com esse passado e prefere a pintura dos grupos de família ("conversation pieces") a uma verdadeira família.
O que lhe acontece quando, por razões financeiras, tem de alugar o andar de cima é uma série de catástrofes que são a vida.
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