(Rocha Tarpeia) |
"(...) para os romanos como para os japoneses de hoje, o amor pertencia ao domínio das satisfações menores e dos temas de brincadeira, e era mantido afastado do círculo das coisas sérias, de que faziam parte as relações conjugais e familiares."
(Paul Veyne)
Não é o facto de o amor se ter tornado uma das coisas mais sérias na nossa cultura um sinal revelador da ascensão do individualismo na cultura ocidental? Talvez, mas nem por isso fica estabelecida a pertinência da crítica contra a perda dos valores colectivos.
Os passos essenciais dessa ascensão têm de incluir fenómenos como o da separação entre o Estado e a Igreja, o Romantismo e a Psicanálise, para só falar nos mais próximos de nós.
No tempo da lei romana do 'perduellio' (crimes contra a segurança do Estado), até o luto era proibido aos familiares, quer dizer que o foro privado não tinha qualquer protecção face à pressão do colectivo. Não é de estranhar, portanto, a 'marginalidade' cultural do amor e do erotismo, os quais, embora omnipresentes, como não podia deixar de ser, eram considerados 'pouco sérios'.
Contudo, não se pode falar em repressão ou em recalcamento que são ideias tardias e estruturantes do indivídualismo.
A verdade é que estas grandes mudanças favorecem a ideia de uma evolução, em que o culto do indivíduo pode ser visto como uma plataforma para um desconhecido 'abençoado' pela ciência.
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