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"Não há ciência se não se instituíram [...], numa operação independente, as regras arbitrárias da ciência. É no arbitrário que a ciência se prepara para fazer leis, é pelo arbitrário que ela é possível."
(Paul Valéry)
Mas não é por isso, certamente, que as receitas da ciência têm sempre sucesso. Quero dizer, que não é por não existirem regras na natureza que a ciência acerta. É porque, apesar de todo o seu dinamismo, a natureza é absolutamente 'passiva'. O sujeito da acção somos sempre nós.
Como Chartier dizia, a natureza não nos quer bem nem mal, e é por isso que sucedemos ao impor as regras do nosso cérebro à matéria 'inerte'. A ordem que encontramos dentro de nós é a única a que temos acesso. Porque não sabemos 'donde viemos', pode ser que esse sucesso, afinal, não seja realmente nosso, mas do que transcende o homem-e-a -natureza.
Tarkowski, em 'Solaris' (1972), revela um pouco do que acontece quando a natureza deixa de ser uma criatura dialéctica.
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