"O poder é o que mantém o domínio público, o espaço potencial de aparecimento, entre homens que agem e falam, em existência. A própria palavra, o seu equivalente em grego 'dynamis'... indica o seu carácter 'potencial'. O poder é sempre, como poderíamos dizer, um poder potencial e não uma entidade imutável, mensurável e confiável como a força ou a resistência.
(Hannah Arendt)
A primeira consequência deste enunciado é que o poder que 'mantém o espaço público em existência' se distingue do 'poder' tal como ele é visto, nos nossos dias, pelos 'homens que agem e falam'. Não quer isto dizer que esse poder não assuma as funções de enquadramento necessárias, nem garanta o espaço da palavra, a qual, mesmo diminuída, permite, ao menos, uma comunidade política. É que essa natureza do poder fundador deixou de ser reconhecida no espaço público, para só aparecer o seu carácter constringente, burocrático e classista que teorizações como a de Marx, lhe destinaram. Não é sem razão que já crismaram o nosso tempo como a era da suspeita. O poder é mais uma história do 'lobo mau'.
Trata-se tão-só do triunfo do individualismo e da Crítica (esta tem sempre que calar em nome de quem fala, não é?) que o 'capitalismo', com a sua terraplanagem, tão eficazmente desenraizou, ou é outra coisa, completamente diferente?
À medida que o 'sistema' passa a ser compreendido como uma catástrofe 'natural', percebemos que não é possível conservarmos uma teoria da evolução consistente. Isto é, há que introduzir a narrativa do espaço público.
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