"(...) somos grandes é no cepticismo. Começa no D. Afonso Henriques, com o milagre de Ourique, quando o Cristo lhe aparece e ele olha e diz: 'está bem, está bem, não me apareças a mim, aparece aos meus inimigos, eles é que precisam que lhes apareças, que eu por mim já acredito!' Está no Damião de Góis!"
(Agustina Bessa-Luís na entrevista a Clara Ferreira Alves)
É pena este cepticismo de que fala Agustina se parecer tanto com o 'juízo' e a manha do escudeiro Sancho sobre as grandes tiradas do seu amo. Mais bom-senso que grandeza.
Mas na nossa história também não faltam os quixotescos como o rei que nos arrastou a todos consigo, em Alcácer Quibir.
O cepticismo é uma virtude da velhice, de quem já consumiu as suas forças nos enganos e desenganos do mundo e, enfim, se recolhe para 'jogar a feijões' num mundo àparte.
Não é Descartes quem quer. Ele que quis recomeçar a aventura do espírito, a partir de um pedacinho de cera, ao canto da lareira.
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