O último passeio na neve de Robert Walser
O estilo de Walser é caótico. Parece que diz tudo o que lhe vem à cabeça, sem nunca perder o fio da meada.
E tudo isto banhado numa inoportuna e desconcertante ternura.
Como diz Musil deste autor:
"(...) não um jogo literário, mas um jogo humano, cheio de agilidade, de devaneios, de liberdade e que oferece toda a riqueza moral desses dias de ociosidade, aparentemente inúteis, em que as nossas convicções mais firmes se desfazem numa agradável indiferença."
É por isso que se pode pensar que esta escrita tenha já o segredo dos longos anos de silêncio que se iam seguir, no asilo de Herisau.
O período crucial que ali passou, desde 1930, até à sua morte, em 1956, coincide com o capítulo mais negro da história europeia. E foi como se este homem, que parecia "não reparar em nada", não tivesse forças para se envolver, nem mesmo com uma atenção distraída.
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