sábado, 30 de julho de 2016

ARQUEOLOGIA DE CÉZANNE

"Jogadores" (Paul Cézanne)

A revolução de Cézanne, pintor em que tantos reconhecem o pai da pintura moderna, corresponde ao fim duma certa natureza e da inocência do olhar.

A ideia de geometrizar as formas e de recusar a ilusão da perspectiva e do sensualismo fazia parte daquilo a que Foucauld chamou de novo paradigma, que abria o caminho e em que a moderna consciência se revia.

A liberdade em relação a um referente externo tornou a pintura definitivamente na coisa mental que segundo Leonardo já era.

Percebemos a concordância e a pertinência com a nossa experiência, mas elas já não são imediatas.

E penso naquilo que Einstein diz da ciência dos nossos dias: ela é cada vez mais abstracta e mais longe do empirismo. É preciso permanentemente reconduzir o ideal ao concreto, mas nunca será deste, nunca será da experiência que nasce o novo.

A pintura poderá então deixar de ser visual?

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