quarta-feira, 27 de julho de 2016

NORMALIDADE




"(...) interpretar consiste em reduzir um tipo de realidade a outro;"
(Claude Lévi-Strauss)

Onde começa, pois, a interpretação? O bebé procura interpretar a linguagem materna, reduzindo-a ao seu estado pré-linguístico que, como uma nave, a seguir é abandonado no espaço sem nome.

Observemos que Lévi-Strauss não fala em realidade, mas em tipos de realidade, como se estivesse a referir-se a mundos distintos. Nós podemos entender que, por exemplo, na nossa relação com a natureza, invoquemos qualquer coisa como níveis de realidade. E cada ferramenta tecnológica introduz no nosso mundo as práticas reveladoras de que só existe uma única realidade, ou uma 'última' realidade, se nos entregarmos ao 'quietismo' ou ao torpor da auto-satisfação.

Sabemos que uma realidade comum (que hoje nos propõem que seja a economia) é necessária para que a sociedade humana exista. Mas também sabemos que só conseguimos alcançar essa meta se excluírmos uma parte de nós próprios, que é infrequentável. Para isso servem os vários tipos de 'normalidade' e de ambientes de 'realidade'.

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