segunda-feira, 25 de julho de 2016

A ESCADA DE HEIDEGGER





"De um modo que visa a crítica da metafísica, Heidegger serve-se dos conceitos metafísicos como de uma escada, a qual deita fora após ter subido pelos seus degraus. Chegado lá acima, o Heidegger da última fase recolhe-se como é evidente, ao contrário do Wittgenstein da primeira fase, na silenciosa contemplação do místico, assumindo prolixamente, num gesto de visionário, a autoridade do iniciado."

(Jürgen Habermas)

A 'Escada de Jacob' era um meio de ascensão e de comunicação entre o Céu e a Terra. Os anjos, por ela desciam e subiam, segundo o sonho do patriarca descrito no Génesis. A ideia de 'arrombar' a entrada celestial pelo caminho dos anjos e depois cortar as comunicações é um sonho 'prussiano'.

Mas, que é a história do homem senão este 'deitar fora' a escada por onde subimos? Sem dúvida que nos compreenderíamos melhor se mantivesses a memória dos degraus que fomos subindo (e descendo). Esse, porém, não parece ser o método que serve a nossa 'pressa de chegar', como dizia o Gedeão.

Deitamos fora a escada sempre que podemos, porque é dessa forma que, aparentemente, de modo mais radical nos transformamos. O ponto é que o pensamento antes de nos catapultarmos para uns degraus 'acima' se perde e passa a ser colonizado pelo presente. O século XIX torna-se 'selvagem' aos olhos dos seus 'encobridores'. 


Não podemos julgar o filósofo Martin Heidegger. O conhecimento de que nos orgulhamos apagou o rasto da nossa 'incompreensível' obscuridade e também nós nos livrámos da escada.

Numa próxima curva, encontraremos, talvez, o Planeta dos Macacos.

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